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Desvendadas regiões do genoma humano associadas ao câncer de ovário

Atualizado em: 28, mar, 2013

Pesquisador que participou de consórcio internacional que identificou e caracterizou as regiões envolvidas no câncer de ovário trabalha atualmente na FMRP

A ciência dá mais um passo para entender as informações contidas nos três bilhões de bases do genoma humano, mapeado há pouco mais de 10 anos. Pesquisadores, reunidos em consórcio internacional, acabam de publicar resultados, identificando e caracterizando novas regiões do genoma humano associadas ao risco do câncer de ovário.

Essas regiões apresentam alterações em um único par de base e, segundo os pesquisadores, estão em partes do DNA não codificantes, ou seja, não estão nos 3% do genoma que produzem proteínas, entretanto, são importantes na regulação da produção dessas proteínas. O que os pesquisadores fizeram foi encontrar a associação dessas regiões que controlam a produção de proteína com o câncer de ovário.

Mais pesquisas serão necessárias para determinar a verdadeira função biológica dessa região do DNA, mas o trabalho contribui para o estabelecimento de bases para a medicina genômica pessoal, segundo o professor Houtan Noushmehr, atualmente trabalhando no Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Ele é co-autor em dois dos 13 artigos publicados nesta quarta-feira, 27 de março, nas revistas Human Molecular Genetics, American Journal of Human Genetics, PLoSGenetics, Nature Genetics e Nature Communications.

Houtan foi responsável por parte da análise de dados. Em trabalho anterior, o professor havia utilizado uma ferramenta de bioinformática, o FunciSNP, para integrar dados coletados em pesquisas sobre genoma e epigenoma de doenças como o câncer com o GWAS (Genome-Wide Association Studies). Essa ferramenta foi desenvolvida pelo próprio professor Houtan quando fez seu pós-doutorado na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. “Meu laboratório na FMRP está interessado em decifrar as regiões reguladoras do genoma que podem conferir riscos a doenças complexas como o câncer de ovário, por exemplo”, ressalta.

Os resultados publicados agora são frutos do trabalho de um grupo com mais de 100 pesquisadores reunidos em consórcio de colaboração internacional dos Estados Unidos e Reino Unido, o Collaborative estudo gene-ambiente oncológico (CPV), do qual Houtan faz parte. Também utilizaram grande quantidade de dados gerados por outros grandes consórcios de pesquisadores, como The Cancer Genome Atlas (TCGA), ENCOD e “GWAS”.

O chefe do Departamento de Genética da FMRP, o professor Wilson de Araujo da Silva Junior, destaca a importância da formação de Houtan para a análise desses dados. Biólogo com mestrado em biologia molecular e em bioinformática e doutorado na área de genética, “ele é o que chamamos de bioinformata completo; entende tanto a parte biológica como a parte computacional do estudo”. Houtan domina a visualização do problema biológico e também o conhecimento para desenvolver uma ferramenta capaz de decifrar esse problema.

Ainda, segundo o professor Silva Junior, essa ferramenta de bioinformática consegue simplificar uma análise, o que normalmente outros profissionais, trabalhando de forma isolada, levam mais tempo ou realizam com menos eficiência. “Nesse caso, foi analisada uma quantidade muito grande de informação do genoma, tanto de pessoas saudáveis quanto de pacientes com câncer de ovário”. Os resultados mostraram que determinadas regiões conferem mais riscos para o câncer de ovário. Essa revelação, garante Silva Junior, abre caminho para orientar o médico na conduta a ser tomada para o tratamento das pessoas acometidas por esse tipo de câncer. E melhor, a terapia pode ser personalizada, pois terão à disposição informações quanto à agressividade do tumor.

O professor Houtan participou de trabalhos que geraram os artigos “Identification and molecular characterization of a new ovarian cancer susceptibility locusat 17q21.31” e “ GWAS meta-analysis and replication identifies three new susceptibility loci for ovarian cancer”, publicados na Nature Communications  e na Nature Genetics,  respectivamente.

(Da Redação. Fonte: USP Ribeirão Preto)

 

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