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CASARÃO HISTÓRICO ABRIGARÁ RESTAURANTE E CAFÉ

Atualizado em: 2, set, 2015

Muitas pessoas que cruzam a esquina das ruas Álvares Ca­bral e Florêncio de Abreu já devem ter tido curiosidade em conhecer aquele casarão antigo que, por mais de 40 anos, ficou fechado e sem manutenção. Por iniciativa de um casal de irmãos, o Palacete onde viveu Jorge Lobato será transforma­do em um restaurante e café. No dia 19 de setembro haverá visita monitorada para que o público conheça o local.

Hector é engenheiro e a irmã Ingrid Sominami Lopes é arqui­teta. As profissões foram um in­centivo à ideia de comprar e res­taurar o local que é carregado da história de um dos períodos áu­reos de Ribeirão Preto, quando o café enriqueceu a economia local. “Queremos resgatar a história de Ribeirão em uma época em que a cidade foi considerada capital mundial do café”, explica Hector, que pretende decorar o local com mobiliário daqueles tempos.

A obra deve estar concluída no final de 2016. Até lá serão três etapas do trabalho de recupe­ração. Até o final deste ano será feito o levantamento histórico, cadastral e métrico do imóvel. Posteriormente acontece restau­ro e as adequações para que o restaurante possa funcionar, se­guindo a orientação do Compac – Conselho Municipal do Patri­mônio Cultural. Todo o trabalho de levantamento histórico está por meio de uma parceria com professores e alunos curso de Ar­quitetura e Urbanismo do Cen­tro Universitário Moura Lacerda.

Visitando a história – Andar pelos vários cômodos do casarão é um convite à imaginação. Im­possível não pensar nos costumes daquela época de luxo. Ali, Jorge Lobato e a esposa Ana Junqueira viveram por volta de 1922, com os cinco filhos. A casa foi um presente de casamento do pai de Anna ao casal, o fazendeiro Joa­quim da Cunha Diniz Junqueira, coronel Quinzinho. Lobato era engenheiro e veio trabalhar na Estação Mogiana. Em Ribeirão Preto foi vereador, diretor da rá­dio PRA7 e professor do colégio Otoniel Mota.

O casarão possui vários cô­modos espaçosos e que revelam a riqueza da arquitetura da épo­ca. No hall de entrada é possível admirar a linda escadaria em ma­deira. Na cozinha uma espécie de central de ramais era uma forma de os donos da casa, do andar superior, chamarem os emprega­dos, que estavam no piso térreo.

A arquiteta Rita Fantini expli­ca que a casa burguesa tem mui­tas características importantes da época, como o hall que dá acesso à escada e aos outros cômodos. A arquitetura do início do sécu­lo 20 é marcada pela eliminação dos corredores, uso de vitrais, os jardins de todos os lados da casa e a área de serviço como um ele­mento externo. “Essa casa tem al­gumas coisas diferentes, como o uso de concreto armado, que era raro para a época. A arquitetura do casarão se rebela sofisticada e ousada”, afirma.

Para Domingos Guimarães, que também é arquiteto e lecio­na sobre patrimônio histórico, as iniciativas de preservação são raras em Ribeirão. “Geral­mente o empreendedor quer o valor do terreno. Aqui, a pro­posta dos proprietários é fazer desse casarão um registro que Ribeirão teve uma fase impor­tante do período cafeeiro. A ri­queza que foi essa cidade”.

Os alunos Beatriz Sicchieri e Leonardo Fernandes afirmam que esta é uma oportunidade única de poder acompanhar em detalhes um trabalho de restauro, que seria conhecido de forma superficial na faculda­de. O trabalho também é uma oportunidade de despertar na população o interesse pela pre­servação dos casarões antigos.

Para a população interes­sada em voltar ao passado e acompanhar a visita monitora­da, as inscrições podem ser fei­tas pelo e-mail noticia@mou­ralacerda.edu.br, com nome completo e telefone de contato. As visitas terão duração de 30 minutos e acontecem no dia 19 de setembro, das 9h às 17h30.

 

(Willian Teodoro – Jornal Tribuna de Ribeirão)

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