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Copa: para empreendedores, já é hora de planejar o segundo tempo

Atualizado em: 2, jun, 2014

RIO — A 11 dias do Mundial, enquanto para uma parcela da população ainda vale o slogan “não vai ter Copa”, para outras, o campeonato já começou. São empreendedores que se qualificaram para aproveitar as chances abertas pelos jogos, que, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), vão gerar R$ 9,4 bilhões em receitas, devido ao fluxo turístico. Mas se quem se capacitou deve lucrar, também precisa se preparar para o período pós-jogos, sob riscos de ver seu negócio perder receita quando a demanda diminuir, alertam especialistas.

O Boa Chance percorreu cinco cidades-sede e encontrou empreendedores animados com as perspectivas de negócios produzidas pelos jogos e as chances que tiveram para se qualificar e melhorar a qualidade de seus serviços.

— No Rio, mais de seis mil empresas participaram de ações de acesso ao mercado, capacitando-se e tornando-se aptas a fornecer e participar desse momento. Além disso, esses empreendedores se estruturam para fornecer para outros eventos, melhorando a gestão e aumentando a produtividade — afirma o superintendente do Sebrae no Rio, Cezar Vasquez.

Salvador, por exemplo, reforçou a sua vocação cultural com a reforma da Arena Fonte Nova, como lembra Madalena Seixas, gerente regional do Sebrae Salvador. Desde a reinauguração, em abril de 2013, o estádio foi palco de shows de Ivete Sangalo, Elton John e David Guetta:

— A cidade entrou no roteiro de grandes eventos, o que dá mais oportunidades a quem investiu em capacitação e inovação.

Ana Ligia Finamor, coordenadora acadêmica do MBA de Gestão Estratégica do Esporte da FGV, lembra a importância do planejamento para que empreendedores não acabem enfrentando dificuldades quando o evento terminar.

— Muitas empresas melhoraram a qualidade prevendo aumento da demanda. Agora, precisam se planejar para, amanhã, manter a qualidade, com demanda menor. Vai se dar bem na Copa quem tiver feito um forte planejamento e pensado em inovação para meses e anos seguintes.

Para designer carioca, Copa é uma “porta que se abriu”

Joias de prata e ouro sempre foram o foco da designer Danielle Gandarillas, dona da marca TupiniKingdom. Até que, há dois anos, ela desenvolveu um pingente estilizado com a bandeira do Brasil, para o projeto de uns amigos, e começou a se perguntar como poderia entrar na “onda” da Copa do Mundo.

—Notei o mercado de souvenir se movimentando, mas seria difícil me adequar com prata e ouro, já que, normalmente, o turista busca uma lembrança mais barata — conta Danielle, que teve, então, a ideia de criar um anel de acrílico, com desenhos do Corcovado, Morro Dois Irmãos, Pedra da Gávea e Pão de Açúcar, em quatro cores. — O acrílico foi o material que encontrei para baratear o produto e me manter na minha linha de trabalho.

Ao procurar lojas para vender a nova criação, recebeu um pedido: além dos acessórios, enfeites.

— Então peguei o mesmo desenho do anel dos morros e criei outros produtos — diz Danielle, que completou, em março, a coleção Sou(l)Rio, que inclui, ainda, enfeites de acrílico, colar com a bandeira do Brasil, porta-copos, imãs e chaveiros.

A linha pode ser encontrada em oito pontos de venda, além de ser comercializada on-line. Durante a Copa, os itens serão vendidos no Parque da Bola, espaço que vai reunir 30 empresas capacitadas pelo Sebrae no Jockey Club Brasileiro.

— Tenho expectativa alta de vendas durante a Copa do Mundo, mas estou num projeto de longo prazo. O Rio de Janeiro é uma cidade turística independentemente da Copa e das Olimpíadas. É uma porta que se abriu, não é algo pontual — acentua Danielle, que vê espaço para o desenvolvimento de souvenires mais diferentes. — Muitos produtos são padronizados, não têm diferenciação. É um nicho que nunca foi muito pensando, mas onde há espaço para coisas mais bacanas.

(oglobo.globo.com)