ORIVAL É O FUNCIONÁRIO MAIS ANTIGO DO BOSQUE FÁBIO BARRETO
Por fazer o trabalho com tanto carinho, conhece e reconhecido por todos os moradores do zoo
A aposentadoria durou 20 dias. Orival diz que foi o suficiente para descansar, repor as energias e retomar o trabalho cheio de vontade. Antes de se aposentar, ele estava mesmo angustiado.
Em 37 anos de trabalho, chegou a levar filhotes de onça para alimentar em sua casa. Também dividiu a moradia por dois anos com uma macaquinha, a Chiquita, abandonada pela mãe e sofreu quando chegou a hora de devolvê-la à natureza do bosque.
Coleciona histórias com o zoológico, que se tornou extensão de sua casa e vice-versa. Por isso, não sabia se conseguiria ficar longe com a aposentadoria. Não conseguiu.
Voltou para o Bosque e Zoológico Municipal Fábio Barreto para cumprir a mesma função, mas agora contratado por uma empresa terceirizada. A rotina, então, continua igual.
Todos os dias, Orival Marques Filho, 56 anos, chega ao Zoo por volta das 7h, troca de roupa e começa o trabalho. As primeiras a ganharem alimento são as elefantas Maison e Bambi. Ele chega próximo ao recinto e as duas grandonas já se animam. Balançam a tromba pedindo carinho, atendem aos chamados do tratador.
Depois, Orival segue para a cozinha e vai preparando as bandejas dos outros bichos. Conhece (e é conhecido) por todos eles. Faz carinho nas onças e, quando se aproxima do espaço dos leões Zeus e Simba, é recebido com festa. Os felinos chegam a virar de barriga para cima, como se estivessem pedindo um afago.
Por todos esses motivos, ele não teve dificuldade alguma em escolher seu lugar preferido em toda Ribeirão Preto. “O bosque é muito importante para a cidade. É uma área verde, no meio dos prédios. Um lugar gostoso, fresquinho, sem poluição. Quem conhece uma vez, sempre volta. É o lugar que eu mais gosto: sem dúvida”, fala com carinho de quem faz parte e cuida para a manutenção desse espaço.
Quase quatro décadas passaram sem alardes para o tratador. “Eu trabalho onde as pessoas vêm para passear. Meu lazer é aqui no bosque, cuidando dos animais”, explica o motivo.
Quando os filhos eram pequenos, nem mesmo de final de semana ele ficava longe do “seu lugar”. Adivinha qual era o programa preferido das crianças? “Elas queriam vir passear no bosque!”. Férias? A saudade sempre bate. “Falta a gente sente… Acostuma no lugar, com os bichos. E fica preocupado se estão cuidando direito, tratando.”
História de dedicação
Orival começou a trabalhar no bosque aos 19 anos. Acabara de perder o emprego em um supermercado, recém-casado e esperando a chegada do primeiro filho.
Foi sua mãe, que trabalhava como varredora de ruas para a Prefeitura de Ribeirão Preto, quem conseguiu uma entrevista com o diretor da instituição.
No dia 14 de julho de 1981 (data que ele não faz esforço para lembrar) começou o trabalho. A vaga era para a manutenção. Função que ele nunca desempenhou, entretanto. “Tinha um senhor que cuidava dos bichos e eu fui para ajudar. Nunca mais parei”, conta.
Confessa que, nesse começo, teve medo. Nunca havia lidado com animais antes que dirá os silvestres e de grande porte. Tem uma convicção, porém: “Se você tratar o bicho bem, ele vai te tratar bem também”. Em menos de seis meses, já estava adaptado. E surpreendia os demais funcionários pela sua facilidade de entrosamento.
As histórias de quase quatro décadas com os animais não cabem em uma só lista.
Conta, todo orgulhoso, que foi o primeiro a conhecer o Urso Renan, um dos bichos mais queridos do Zoo. “Eu fui buscar o Renan em São Carlos, quando ele tinha cinco meses, e sempre cuidei dele”. Levou uma única mordida, em tanto tempo. Uma anta que, na sua justificativa, só mordeu “porque estava estressada”.
Responde, com um ar de inconformismo, à pergunta sobre seu animal preferido. “Eu não tenho preferidos! Gosto de todos eles. Para mim, todos são importantes”.
Agora, já concluindo que não gosta mesmo dessa história de aposentadoria, não planeja deixar o trabalho e o lugar que tanto ama. “É minha segunda casa, né?” Alguém duvida?
Que tal uma visita?
O Bosque Fábio Barreto, localizado no Parque Municipal Morro do São Bento, foi instalado em 1937. Em 1942, o prefeito na época, Fábio Barreto, inaugurou o zoológico no espaço. Por mês passam mais de 20 mil visitantes.
O veterinário da instituição, César Branco, explica que, em média, 600 animais de 150 espécies diferentes compõem a fauna do Fábio Barreto.
A bióloga Olga Kotchetkoff, responsável pela conservação da flora, explica que a mata que circunda todo o espaço tem histórico de mais de 100 anos e é formada por mais de 150 espécies de árvores. A grande maioria, ela diz, são espécies nativas, que compõem o fragmento natural desde sua existência.
O Zoo funciona de quarta-feira a domingo, das 9h às 16h30, com entrada gratuita.
Por: Daniela Penha | ACidadeON/Ribeirao
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