Ribeirão Preto e Região: um lugar de destaque no mundo
No passado conhecida como a “Capital do Café” e a “Califórnia Brasileira”, hoje Ribeirão Preto se destaca como a “Capital Brasileira do Agronegócio” e grande polo regional no setor de serviços. Considerada nos dias atuais como uma das mais importantes cidades do interior do estado de São Paulo, Ribeirão Preto foi detentora do 30º maior PIB, R$ 17 bilhões, dentre os municípios brasileiros em 2010.
Em pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo ela foi eleita uma das 10 cidades brasileiras nomeadas como destinos de referência em turismo, no caso dela “turismo de negócios”. À exemplo disso, está a realização de eventos conhecidos internacionalmente, como a Agrishow, a segunda maior feira de agronegócios do mundo.
Dados econômicos do município e da região podem ratificar suas relevâncias no cenário nacional e internacional. No período de 2000 a 2010, o PIB per capita de Ribeirão Preto quase triplicou, passando de R$ 9 mil para mais de R$ 28 mil. Este PIB per capita é superior aos dos estados do Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais e a países como Rússia, Chile, México e China.
O crescimento da renda na cidade veio acompanhado de mudanças no perfil de sua economia. O setor de serviços tornou-se o mais representativo no valor adicionado produzido, chegando a aproximadamente 80% de participação em 2010, seguido pela indústria, 19,4%, a administração pública, 9,4% e a agropecuária, 0,8%.
Tal elevação da riqueza na região vem em conjunto com o aumento das atividades financeiras. Entre os anos de 2006 e 2010 as operações de crédito aumentaram 79%, fato este que influenciou em um maior consumo das famílias e investimentos por parte das empresas, que por fim se refletiu no dinamismo do produto regional.
Quando se analisa dados da mesorregião de Ribeirão Preto – definida pelo IBGE e composta pelas microrregiões de Ribeirão Preto, Barretos, Batatais, Franca, Jaboticabal e São Joaquim da Barra, cerca de 70 municípios – constata-se que o Agronegócio possui grande importância na dinâmica regional. A mesorregião detém o posto de maior produtora de cana-de-açúcar do estado de São Paulo e do Brasil, e a 4ª maior produção mundial. É 3ª maior produtora de café do estado de São Paulo, 14ª maior produtora de café do Brasil e 19ª produtora mundial. Ainda se destaca na laranja, com a 5ª maior produção no Brasil e a 10ª no mundo.
Em 2012, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), o saldo da balança comercial de Ribeirão Preto foi de US$ 14,4 bilhões, sendo US$ 181,3 milhões em exportações e US$ 166,7 milhões em importações. O principal destino de suas exportações foi a Venezuela, exportando sementes forrageiras para semeadura. Já nas importações, o que se destacou foi o látex de borracha natural oriundo da China. A cidade passou recentemente por uma mudança no perfil de produtos exportados. Devido à crise internacional o setor de açúcar e álcool sofreu alguns processos de fusão, aquisição e transferência de seus escritórios e operações para outras cidades que veio a reduzir sua composição na pauta exportadora do município.
Ainda no setor produtivo, Ribeirão Preto é um polo odontológico nacional, com cerca de 60 empresas atuantes no setor, que exportam para mais de 150 países e rendem um faturamento anual médio de R$ 300 milhões. Os instrumentos e aparelhos odontológicos tiveram a quarta maior participação, 8,25%, nos produtos exportados do município, em 2012.
Outro importante indicador da atividade econômica da cidade é o setor de imóveis. O ramo imobiliário em Ribeirão Preto responde por boa parte da geração de renda e empregos, sendo um dos destaques da economia da cidade nos últimos anos. Exemplo disso foi o crescimento da zona sul da cidade que manteve uma média de aproximadamente 26 empreendimentos lançados entre os anos de 2007 a 2011. Conforme dados da consultoria Mercadotecnia, em 2011, o número total de empreendimentos lançados na cidade chegou a 43. Programas de maior acesso ao crédito imobiliário e à habitação, decorrentes de medidas governamentais para reaquecer o mercado, devido à crise internacional, são fatores que contribuíram para o resultado desse setor.
Partindo para o aspecto social e demográfico, dados do Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE indicam que o perfil da população de Ribeirão Preto manterá a atual tendência para os próximos anos, continuando a ser predominantemente urbana e de maioria feminina, concentrando-se cada vez mais na faixa entre 40 e 60 anos. A estimativa é que a população passe de 603.774 mil habitantes, censo de 2010, para aproximadamente 612 mil em 2020. Já para a Região Administrativa de Ribeirão Preto (RARP), a expectativa é aumento dos 1.246 mil habitantes em 2010 para aproximadamente 1.400 mil habitantes em 2020.
Ainda sobre os aspectos sociais, o SEADE e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) elaboram para os municípios do Estado de São Paulo o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), indicador semelhante ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que visa medir o desenvolvimento dos municípios no âmbito social. Nas edições de 2006 e 2008, Ribeirão Preto e a RARP foram classificadas no grupo 1, no qual são agrupados os municípios com melhores indicadores de riqueza, longevidade e escolaridade.
Apesar disso, no que tange o aspecto educação, dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) detalham uma realidade que requer mais atenção. O IDEB foi criado para medir a qualidade de cada escola e das redes de ensino, sendo calculado de acordo com o desempenho do aluno e sua taxa de reprovação em um indicador que vai de 0 até 10. Ribeirão Preto, apesar de possuir no IPRS um índice de escolaridade considerado médio em 2008, apresentou, entre 2007 e 2011, na rede pública, municipais e estaduais, média 4,9 para os anos iniciais (4º/5º anos) e de 4,1 para os anos finais (8º/9º anos). Nos anos iniciais o indicador ribeirão-pretano ainda se manteve acima do nacional e abaixo do estadual, mas para os anos finais ficou abaixo de ambos.
Os dados apresentados demonstram que Ribeirão Preto possui uma economia dinâmica, com grandes potencialidades e desafios. Em uma região que congrega mais de 40 instituições de ensino superior, técnico e tecnológico a melhora da educação básica parece ser um dos principais pontos de atenção para os próximos anos. Ademais, o envelhecimento da população é outro indicativo que fomenta cuidados com áreas como a da saúde. No setor produtivo, o fortalecimento do agronegócio e maiores incentivos para o segmento industrial configuram-se como aspectos relevantes para manter o desenvolvimento sustentado de Ribeirão Preto e região.
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Elaborado pelo Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN.
Elaboração:
Alberto Borges Matias – Diretor Presidente do INEPAD. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre docente em Finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da Universidade.
Apoio:
Vinícius Medeiros Magnani – Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em Economia Empresarial e Controladoria pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto.
William Menezes Sobreiro – Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em Matemática Aplicada a Negócios pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto.